Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

25 de fevereiro de 2015

Os Segredos de Jacinta - Excertos (13)



Jacinta abriu igualmente os braços e ensaiou umas voltas. Não tardou, porém, a parar, muito tonta. A moura lançou, no meio dos seus rodopios:
- Assim que te sentires recobrada, recomeça! Se quiseres ser bailadeira, tens de te acostumar, quanto mais voltas, melhor.
Jacinta assim fez. De braços abertos, dava voltas e mais voltas.
Diogo e Rosinha abeiraram-se, fascinados, como agem as crianças quando veem adultos a soltarem-se como elas. A pequena Rosa decidiu imitar as duas e pôs-se a rodopiar, de braços abertos, dando gritinhos de prazer. Mas também cedo perdeu o equilíbrio, foi de encontro a Jacinta e as duas caíram na areia, soltando gargalhadas. Zaida puxou-lhes pelos braços:
- Mas que ronceiras vós me saístes! Erguei-vos, vamos!
Recomeçaram as três a rodopiar, rindo de satisfação. Diogo, que até aí mantivera a pose, não se conseguiu segurar mais e os quatro rodopiavam, de braços abertos, olhos fechados e cara levantada ao sol. Por vezes, iam de encontro uns aos outros e caíam, para se tornarem a erguer, numa galhofa pegada.
Jacinta sentia-se inebriada de alegria e liberdade, como se voasse. A felicidade suprema consistia em rodopiar ao sol, de cabelos soltos e braços abertos, gargalhando a seu bel-prazer. Era tão simples! Porque não se soltavam as pessoas mais vezes, alegrando-se apenas por estarem vivas, rindo a bom rir, até ficarem tontas, até perderem o ar?



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