Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

27 de dezembro de 2013

A Máquina do Tempo 3


Isa, Céu, Lena e Cris

Quatro adolescentes, no seu caminho entre o 10º e o 12º anos, (1980/83), Liceu de Gaia, que hoje se chama Escola Secundária Almeida Garrett. Nos anos imediatos ao 25 de Abril, chamava-se, aliás, Escola Secundária Nº 1 de Vila Nova de Gaia. Mas dizíamos sempre «Liceu».

Já não sei como começámos com aqueles escritos. Histórias sem pés nem cabeça, que nos faziam rir até às lágrimas, onde nos vingávamos da família e dos professores e exorcizávamos a nossas dores de cotovelo, amores assolapados e todo o género de angústias e insanidades que atingem as adolescentes entre os 15 e os 17 anos. Às vezes, ilustrávamos essas histórias com desenhos infantis e absurdos, pois nenhuma de nós era virada para as Belas-Artes.
Escritos dispersos, em cadernos e folhas soltas, dos quais fiquei apenas com meia dúzia, para amostra (devia haver centenas).

Em meados deste ano, recebi um email de uma certa Maria do Céu. Mal queria acreditar! Nem acreditei mesmo, só depois de lhe perguntar se era a Céu de antigamente. Disse que gostava de seguir o meu blogue e que já lera todos os meus livros. E isto fez-me tão bem: a Céu gosta dos meus livros!
Começámos a recordar os velhos tempos, aquelas histórias, que até tinham mais pés e cabeça do que pensávamos. Lamentámos não as ter guardado… A Isa ainda deve ter muita coisa, disse a Céu, ainda bem que eu, ao menos, guardei a cassete.
Cassete? Que cassete?


Eu já não fazia ideia! Mas quisemos imitar A Flor do Éter, um programa de Herman José, na Rádio Comercial, com a equipa do costume: Vítor de Sousa, Margarida Carpinteiro, Lídia Franco e Ana Bola. Transformámos alguns dos nossos escritos numa radionovela humorística e assim nasceu No Reino da Miscelândia – Uma História Medieval. A Céu conseguiu que lhe digitalizassem a cassete e enviou-me o CD pelo correio, neste Natal.

Com a gravação nas mãos, senti um medo terrível de enfrentar essa viagem no tempo. Quando me resolvi, tive dificuldade em identificar a minha voz. Acabei por o conseguir por exclusão de partes. Reconheci as outras, porque só as lembro assim, não sei como são hoje.

Depois da primeira audição, fiquei confusa, angustiada mesmo. Vi-me transportada para uma altura em que a minha vida parecia uma batalha constante entre aquilo que eu queria ser e aquilo que os meus pais queriam que eu fosse.
Forcei-me a ouvir uma segunda vez, uma terceira… Dei comigo novamente a rir até às lágrimas. E com a sensação de que fiquei a conhecer-me melhor, de que redescobri algo meu, algo que me diz: «também eras/és assim».

Somos três miúdas (uma delas não participou na gravação), por vezes, histéricas, por vezes, ridículas. Mas temos sempre piada. O histerismo e o ridículo são próprios dessa idade em que se extravasam energias. Os textos são incrivelmente criativos, os nomes das personagens um verdadeiro tratado. Talvez publique aqui excertos...

Obrigada, querida Céu, por me teres levado nesta viagem no tempo!


6 comentários:

Bartolomeu disse...

Talvez publiques aqui excertos???
Que é lá isso???
É obrigatório que os publiques!!!
Aquilo a que não estás obrigada, é a revelar qual delas é a tua voz mas... se o quiseres fazer... agentes agardece, pá (isto foi uma tentativa ridícula e estéril, de imitar o Herman). :D :D :D

NLivros disse...

Bonito texto.
Beijinho Cristina e bom ano!

Cristina Torrão disse...

Muito obrigada, Bartolomeu e Iceman :)

Beijinho e bom ano!

Anónimo disse...

Não acredito que publicaste o meu nome! A Meg viu o post, e fez troça como se não houvesse amanhã pela minha paranóia de anonimato... Enfim, paciência.
De ressalvar que a "produção literária", que ocupava uma rica pasta, foi guardada por mim que sou acumuladora por natureza. Sempre achei que um dia seria útil como retrato de um tempo feliz e despreocupado, embora, claro, nos considerassemos umas infelizes e incompreendidas na generalidade; essa pasta foi emprestada e nunca mais a recuperei, mas é provavel que esteja esquecida nalgum sotão. O que sobrou é pouco, mas é uma alegria. E já que estou aqui, a fazer o que nunca faço, ou seja comentar, devo dizer que tenho um orgulho desmedido nos "escritos" actuais da minha velha amiga
Cris. Quero que ela continue a dar largas à criatividade, que publique, e tenha o reconhecimento que mereçe.
Peço desculpa pelo tamanho do comentário, mas desta vez era mesmo necessário.
Bjs. Céu

Cristina Torrão disse...

Querida Céu, muito obrigada, escreve os comentários do tamanho que quiseres ;) Desculpa não ter mantido o teu anonimato, tinhas dito algo sobre isso, eu enviei um mail a pedir que confirmasses, mas a resposta tardou... (eu sei que nem sempre tens tempo, enfim). Mas não é trágico, o meu blogue não é assim tão famoso quanto isso ;)
Beijinhos e Bom Ano!
(vou estar afastada da internet, nos próximos dias).

Cristina Torrão disse...

P.S. O Horst é como tu. Lê muito e já lhe disse que criasse um blog sobre as suas leituras, pois, além de tudo, arranjam-se contactos interessantes. Mas ele não o faz, nem com uma alcunha, por querer manter o anonimato.
Deve-se respeitar, eu sei, e não o fiz no teu caso. Mas alivia-me um pouco a Meg ter reagido dessa forma ;)