Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

3 de setembro de 2013

Naquele Tempo (22)



O segundo problema que carece de um estudo aprofundado é o da crise da corte portuguesa provocada pelo desastre de Badajoz de 1169. Como se sabe, provocou a associação ao trono de Sancho I e desencadeou várias alterações nos mais importantes cargos da cúria, entre elas o exílio do alferes Pêro Pais da Maia. Tudo isto mostra a eclosão de graves conflitos internos. Fiz notar estes factos em 1983 (Alfa, II, 84), mas até aqui, que eu saiba, nada mais se adiantou sobre ele. Seria preciso medir as suas efectivas dimensões e as suas consequências na política interna do país.
A verdade é que o reino parece ter sido governado, a partir daí, pelo príncipe Sancho. Qual o papel que Afonso Henriques passou a desempenhar? Poder-se-ão encontrar alguns indícios que permitam averiguar este problema? Neste sentido, seria necessário estudar mais de perto a actuação militar de Sancho I enquanto príncipe (...)
A propósito deste facto, convém notar que se conhece hoje, com mais detalhes do que nos anos 40 [do século XX], a profunda angústia  que invadiu o reino exactamente nesta ocasião, e que se agravou com a morte de Afonso Henriques em 1185 e com as invasões almóadas de 1190 e 1191.

A nova face de Afonso Henriques - pág. 479

Nota: a problemática que se gerou a seguir ao desastre de Badajoz, que incluía a rivalidade entre o infante Sancho e o seu meio-irmão Fernando Afonso, foi explorada por mim em Afonso Henriques - o Homem. Na minha opinião, trata-se de um capítulo fascinante da nossa História medieval, infelizmente, mal conhecido. Sobre o desastre de Badajoz pode ler aqui.

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