Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

6 de abril de 2012

À espera da vida

 Mais um lindo pedaço de prosa de J. Rentes de Carvalho

"Pouco a pouco foi descobrindo que a vida, a sua vida, é uma longa espera. Tempo infindo esperou os namoros que não teve, os amantes que a arrebatariam de paixão, os beijos que não deu nem recebeu. Esperou as horas loucas que tantos vivem, e depois longamente contam, indiferentes à melancolia de quem os ouve.
Uma manhã deu-se conta de que esperava menos. A falar verdade teve o sentimento de que deixara de esperar, e estranhou, sentiu-se vazia, desorientada, como se tivesse perdido um hábito ou lhe faltasse um arrimo.
(...)
Aos pais, à irmã, e a duas pessoas por quem tinha amizade, escreveu a mesma carta, falando da sua desilusão e da tristeza de não ter compreendido a vida. Tinha trinta e dois anos. Foi  ontem o enterro."

3 comentários:

George Sand disse...

Esperamos tanto pela vida. E ela, viaja sempre, cada vez mais veloz e sem esperar por nós.
Uma Santa Páscoa!

Mário Rufino disse...

um grande escritor.

Cristina Torrão disse...

A vida não espera, não, George.
Boa Páscoa também para si.

É verdade, Mário Rufino.