Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

10 de março de 2012

Pré-publicação #4


- Não sei o verdadeiro motivo para a tua aflição. Mas sei que a vida não é fácil, não tão simples como se costuma pensar. Dividimos tudo entre bem e mal, pecado e virtude, certo e errado. Mas é tudo uma questão de perspectiva. O que é bom para mim, não quer dizer que o seja para outro; o que me dá prazer, pode ser um sacrifício para outro.
- Achais mesmo que a fronteira entre pecado e virtude é tão ténue?
- Muita gente é apontada como virtuosa, por passar a vida na igreja. E, no entanto, revela-se violenta, invejosa, ou tirana, dentro de sua casa. As suas horas passadas a rezar e a fazer penitências, vistas como sacrifício, ou como uma grande devoção, muitas vezes, não passam de uma fuga à vida que não lhe agrada. Não é a sua proximidade com Deus que a leva a isso, pois não aplica os ensinamentos de Cristo no seu dia-a-dia. Trata-se mais de uma maneira de se afirmar, de se sentir livre para decidir, mesmo que isso implique supliciar-se. Pode-se dizer que uma pessoa dessas merece o céu?

3 comentários:

JoZé disse...

Eu ousaria até dizer que, para muita gente, a religião é um mero ato social, desprovido de qualquer sentido de coerência pessoal e sem a menor transcendência.

Cristina Torrão disse...

É bem verdade, Exilado.

Bem, resta lembrar que este extracto de diálogo acontece entre personagens situadas no século XII, em que se dava ainda mais importância a certas atitudes e demonstrações "religiosas".

Olinda Melo disse...

Boa pergunta...

Retornando ao narrado um pouco acima, à divisão da realidade entre o bem e o mal, posição maniqueísta, diria que há uma zona cinzenta na alma humana, não despicienda, zona essa que nos permite ter dúvidas e questionar. Aliás, o texto não deixa passar isso em branco.

Bjo

Olinda