Em todos os momentos da História, seja na Antiguidade, na Idade Média, ou no nosso tempo, são as mesmas paixões e os mesmos desígnios que inspiram os humanos. Entender a História é entender melhor a natureza humana.

10 de outubro de 2011

Gosto muito de te ver, leãozinho...

Os animais podem amar? Ou só gostam da vida que lhes proporcionamos? E, depois de uma longa separação, pode um animal selvagem reconhecer os humanos com quem brincou na sua infância?
A história do leão Christian deita por terra muitos preconceitos que temos em relação aos animais. Mesmo eu, que estou convencida de que eles têm sentimentos, fiquei siderada, ao ver o documentário no Canal Arte. Infelizmente, o vídeo do programa não está, neste momento, disponível, mas há muitos no You Tube. Já lá vamos...

A história


No fim dos loucos anos 60, dois jovens australianos, John Rendall e Anthony Bourke, a viver em Londres, resolveram adoptar um leão bebé, nascido num zoo. Não era fácil mantê-lo na grande cidade. Felizmente, um padre anglicano pôs-lhes um terreno à disposição, para que o animal pudesse gastar as suas energias.
Mas Christian ia ficando cada vez maior, os dois jovens começaram a perceber que não o poderiam manter durante muito tempo. A solução? Entregá-lo a um zoo, ou a um circo.

John e Anthony tinham ganho afecto ao leãozinho e não conseguiam imaginá-lo a viver em cativeiro. A única possibilidade que eles encaravam, era soltá-lo em África, onde ele poderia viver em liberdade, na companhia dos seus semelhantes. Mas pode um leão, que foi educado por dois humanos numa cidade, adaptar-se à vida selvagem?


Não foi fácil. Assim como se revelou uma verdadeira odisseia conseguir autorização das autoridades quenianas para que Christian fosse aceite no seu país. Aos dois jovens valeu a ajuda de George Adamson, um inglês que tratava de leões, num reservado queniano.
Depois de dificuldades iniciais com um leão adulto, necessário para introduzir Christian na vida da selva, os dois animais travaram amizade.

John e Anthony regressaram a Londres. As saudades de Christian, porém, não queriam passar. E, um ano mais tarde, resolveram regressar ao Quénia. George Adamson avisou-os de que podia ser uma desilusão. Christian estava perfeitamente integrado na vida selvagem. Depois da morte do leão seu amigo, formara a sua própria família. O mais certo seria não reconhecer os seus dois antigos tratadores.


O resultado foi surpreendente, capaz de nos pôr boquiabertos e de amolecer o coração dos mais cépticos. Na sua alegria infinita, Christian abraçou os seus amigos humanos e encheu-os de carícias. Abraços de alegria e amor sinceros, porque os animais não fingem. As fotografias falam por si, mas, mais impressionante, é ver os vídeos, principalmente, essa cena do reencontro. Aqui, pode-se ver um, com duração de 3 minutos, e aqui um outro, de 5 minutos.


John e Anthony visitaram o "seu" leão mais duas vezes. Mas ele, a certa altura, deixou de surgir, como se lhes dissesse: apesar do nosso passado em comum, pertencemos a mundos diferentes. Vós tendes a vossa vida, eu tenho a minha.
Os dois humanos compreenderam. Amar também é compreender. E aceitar e respeitar o outro, tal como ele é.


9 comentários:

Bartolomeu disse...

Existem animais, que por grande esforço que façamos, somos incapazes de amar.
Incluem-se nessa classe as cobras venenosas, os camelos, as avestruzes, os tubarões (sobretudo se forem os martelo), os cães raivosos, os ursos pardos, os bois mansos, etc.
Cristina, não trabalho no jardim zoológico mas, garanto-te que no meu emprego... podemos encontrar, pelo menos, um exemplar de cada espécie.
;)))

Teresa disse...

Fiquei a pensar se conheceria a história toda, Cristina. É que ainda há mais.
Espreite aqui:
http://gotaderantanplan.blogspot.com/2008/08/histria-de-um-leo.html

(e já tenho todos os filmes em DVD)

Cristina Torrão disse...

Num primeiro momento, fiquei surpreendida com as tuas palavras, Bartolomeu, mas, ao ler melhor, constatei que estavas a ser irónico ;) É verdade que há gente (muita gente) pior do que qualquer cobra venenosa ;)

Teresa, pensei muito em ti (deixa-me tratar-te assim), ao escrever este post. E perguntei-me se já conhecias a história, pois o programa que vi no Canal Arte era precisamente de 2008. Nesse documentário, também se falava na leoa Elsa porque os respectivos actores ajudaram os dois australianos, quando Christian se tornou grande demais para viver em Londres, pondo-lhes uma propriedade no campo à disposição, enquanto eles tentavam vencer a burocracia queniana. Não sabia era da relação de George Adamson com toda essa história. Talvez seja referido no documentário e me tenha escapado, pois estava completamente atarantada com as minhas emoções... Ainda o tenho gravado e tornarei a vê-lo, com toda a atenção. Não me custa nada, não me canso de ver os vídeos do Christian, acho que estou perdidamente apaixonada por ele ;)

Obrigada pelo link! Aconselho a todos os leitores do meu blogue a visitá-lo!

Daniel Santos disse...

gostei.

Teresa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Teresa disse...

Cristina, claro que podes e deves tratar-me por tu! :)))

Nunca consigo ver as imagens de Christian sem chorar, Descobri entretanto que há um filme novo (a preço de banana), tal o poder do YouTube:

http://www.amazon.co.uk/Lion-Called-Christian-DVD/dp/B0021L9IJ0/ref=sr_1_1?ie=UTF8&qid=1318275213&sr=8-1

Seja como for, envia-me a tua morada para o mail do blogue, a ver se te envio o que tenho. Assim como assim, já estava prometido à Helena do 2 Dedos de Conversa, quem envia um envia dois. :))))

(em casa de ferreiro, espeto de pau; comento sem reler e só depois dou pelas gralhas)

antonio ganhão disse...

Conhecia a história. É realmente uma história impressionante mas que nada prova, tal como os casos de ataques de cães aos seus respectivos donos.

Cristina Torrão disse...

António, os casos de ataques de cães aos respectivos donos são raros e têm mais a ver com o tipo de educação que recebem, do que com o carácter deles. Um cão educado com extrema dureza e/ou deixado muito tempo sozinho é uma bomba imprevisível, pronta a rebentar a qualquer momento. É preciso que se estabeleça uma relação de confiança mútua entre o cão e o dono e isso só se consegue com muita paciência e atenção. É preciso tratá-lo como um membro da família e nem toda a gente está para isso.
Quando se nos deparam casos desses, esquecemo-nos de que os humanos também são capazes de extrema violência. As mentes (humanas e animais) são complicadas. Porque é que há gente que dispara à sua volta? Porque é que jovens entram numa escola, armados, e matam alunos e professores? O que motivou o assassino norueguês a provocar tal banho de sangue? O ser humano não precisa de animais ferozes, ele próprio se encarrega de espalhar o terror sobre os seus semelhantes!
Será problema de educação? Ou de carácter? Ou os dois juntos? E quais são os factores que conduzem a uma mistura explosiva?
Claro que não estou a dizer que devemos ir todos para África abraçar animais selvagens, isso é utópico. Mas casos como os deste leão provam, a meu ver, que os animais são sensíveis a afectos. Talvez nem todos. Mas também nem todos os seres humanos o são...
A diferença entre uns e outros não é tão grande como se pensa.

Cristina Torrão disse...

P.S. Entre ser mordido por um cão, ou assassinado por alguém, tipo a personagem principal do teu romance, venha o diabo e escolha... ;)